segunda-feira, 1 de outubro de 2012

SÓ PRA LEMBRAR.





Tem uma história, que acho que li no livro “Chatô”, do Fernando de Morais.
Quando ia ser inaugurada a TV no Brasil, teriam sido compradas 4 câmeras.
As transmissões eram feitas ao vivo, sem nenhum tipo de filmagem ou video-tape. Não existia isso na época.
Pois bem.
Preparou-se uma “peça”,  para a transmissão inaugural, fazendo-se a marcação dos atores, levando-se em conta o uso das 4 câmeras.
Tudo foi ensaiado para transmitir o programa, usando as 4 câmeras.
Porém, no dia da estreia, poucas horas antes da tal da transmissão ao vivo, uma das câmeras pifou.
O técnico “gringo”, chamado para ensinar os brasileiro a fazer TV, entrou em parafuso. Queria adiar a tal da transmissão, pois, para ele, não havia como fazer tudo com apenas 3 câmeras.
Pois os técnicos brasileiros, na correria, mudaram tudo, mudaram as marcações, avisaram os atores e a tal da peça foi transmitida, como combinado, no dia marcado, e só com 3 câmeras.
Parece que deu tudo certo.

Tem uma outra história, e essa eu ouvi faz tempo, não lembro se em um show do Rolando Boldrim, ou em uma entrevista de TV do Lima Duarte.
Numa dessas peças ao vivo, precisam de um figurante, para dizer a fala final.
Na peça, morria alguém, que ficava no velório sozinho, abandonado.
O tal do figurante deveria entrar e dizer:

“-Coitado do Seu Fulano.
Morreu e não teve ninguém para colocar uma vela na mão dele!

Só isso.
A fim de não gastar com figurantes, pegaram algum funcionário da empresa, um homem simples, da limpeza.
E o coitado ensaiou, ensaiou, até ficar com a fala na ponta da língua.
No dia, rola a peça e o coitado começa a ficar nervoso. Suado. Tremendo.
Chega a sua hora, ele entra em cena, olha o “morto” e lasca:

“-Coitado do seu Fulano.
Morreu e não teve ninguém para colocar uma MÃO na VELA DELE!

Outra história:
Numa outra peça, em um determinado momento, um personagem queimava a carta comprometedora.
Saia de cena, entrava outro personagem que dizia:

"- Nossa, que cheiro de papel queimado...!!!"

Começa a peça, tudo ao vivo e, no momento de queimar a carta, o cara percebe que NÃO tinha fósforos.
Desesperado, rasga a carta, jogando os papeis no chão, contando que o outro ator fosse perceber e improvisar.
O outro entra, percebe a coisa e manda:

"-Nossa, que cheiro de papel rasgado...!!!"

(Essa é mentira.
Quem contava essa era o meu Tio Juca.
Só coloquei aqui porque sempre quis contar essa história...)


De todo jeito, era o tempo da TV “à lenha”, a TV pioneira.
A TV do improviso e da gambiarra.
Não havia truques, não tinha como corrigir depois, tudo ao vivo e sem cores.
O cara tinha que cantar mesmo. Sem dublagem.
A moça tinha que dançar. Sem dublê.
E os atores tinham que interpretar.
De verdade.
Não bastava ter uma “carinha bonitinha”.

Morreu Hebe Camargo, uma das últimas desse tempo.
Nunca fui fã da D. Hebe, malufista, apesar de ser são-paulina.
Acho até que nunca parei pra assistir ao programa dela.

Mas tenho que tirar o chapéu: o povo daquela época era corajoso.
E bom.

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