sábado, 22 de setembro de 2012

MEMÓRIA OU A FALTA DELA.




Estou assistindo a “Visões de um Crime” (“Faces in the Crowd”, 2011, com a gracinha da Milla Jovovich, dir. Julien Magnat).
No filme, a Milla é atacada por um cara (não vou explicar porque – assista o filme), bate com a cabeça e passa a não reconhecer as pessoas.
Continua com a memória intacta, somente não reconhece mais ninguém. A face das pessoas muda, cada vez que ela as olha.
E acontece até com ela mesmo. A cada vez que ela se olha no espelho, vê um rosto diferente.
É um filme de suspense bem legalzinho, sem ser absolutamente brilhante, com um final meio que previsível.

Mas a premissa é inteligente: o que aconteceria com você, caro e quase inexistente leitor, se, de repente, você passasse a não mais reconhecer as pessoas.
Ninguém.
Nem seus pais, irmãos, namorado/a, marido ou esposa, seu chefe..
Rapaz, já pensou?

Eu confesso: sou um PÉSSIMO fisionomista.
Tenho profunda dificuldade de lembrar de pessoas.
E, pra completar, quando lembro da pessoa, não lembro do nome, nem de onde eu conheço...

Minha mulher,volta e meia, saca uma do tipo “Tá vendo aquele cara? Não lembra? É Fulano? Deve ser da sua turma na escola!”.
Eu, obviamente, não lembro.

E quando chegam pra mim e falam coisas do tipo “Fulaninho é a cara do pai dele! Mas tem os olhos da vó!”.
Eu olho pro Fulaninho e só vejo o Fulaninho!!!
Não consigo ver nem o pai, nem os olhos da Vó dele ali!!!

Outro dia fui a uma festa.
Lá pelas tantas, encontrei uma conhecida antiga (de quem eu me lembrava!).
De repente, conversando, olhei para ela e tive uma iluminação: Rapaz, ela é a cara do PAI dela!!!
Eu nunca tinha conseguido ver o pai dela daquele rosto!!!
E, de repente, PÁÁÁ!!!
O pai dela tava ali na minha frente, de “pretinho básico”!!!
(Na verdade não faço a mínima idéia da roupa que ela estava vestindo. Não sei se era vestido e muito menos se era preto...)
Dá pra entender isso?

(Fico pensando: o que efetivamente nos lembramos das pessoas? Será que fixamos toda a “imagem” de uma pessoa, ou somente detalhes?
Ou, ao contrário, nos fixamos no “todo” e não em detalhes?
Eu devo me fixar no "todo", sendo por isso que tenho dificuldade em reconhecer alguém, passado alguns anos. Não lembro dos "detalhes" que destacariam a pessoa e me fariam lembrar dela.
Esquisito, né?)

Por outro lado, tenho extrema facilidade para decorar e lembrar de letras de música.
Lembro de músicas (e melodias) que ouvi quando era criança.
Mesmo hoje, ouço uma música e, se ela me agrada, já fico com o refrão na cabeça, cantarolando. Mais duas ou três vezes que ouça, já tá decorada.

Do mesmo jeito, lembro de enredos de filmes antigos, de livros que li há muuuuito tempo.

Mas sou incapaz de lembrar de números de telefone (viva a agenda dos celulares!!!), datas de aniversário (de novo: viva a agenda dos celulares!!!), placas de carro.

No fundo, acho que a gente, sei lá se por preguiça ou por necessidade, faz adaptações e “ensina” a mente a reter alguns tipos de informação e dispensar outros.

Acho que já escrevi um texto aqui no blog, onde eu citava Sherlock Holmes.
Ele dizia que a mente humana não tinha uma capacidade infinita. Para aprender alguma coisa, você precisa esquecer de outra.

Cada vez mais, acho que isso é verdade.

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