O Pantanal sul mato-grossense é uma das “mecas” do viajante motorizado aqui no Brasil.
Mesmo sem se aventurar na época das
cheias, com estradas alagadas, da para se divertir muito!
Vamos devagar.
Nossa viagem pelo pantanal
sul-motogrossense foi organizada pelo Marcelo, da “Gaia Expedições”. Um cara
tranquilo, conhecedor dos caminhos, super organizado.
Nosso comboio seria formado na
cidade de Bonito e, além do carro da organização, seríamos em mais cinco carros.
Partimos de Guarulhos no sábado,
26/03, pela manhã.
Atravessamos a Capital, pegamos a
Rod. Castelo Branco, parando para um café da manhã em um posto grande da
estrada (Graal Barueri).
Nosso plano era ir até a cidade de
Nova Andradina, já no MS, depois de atravessar todo o estado de SP, onde
tínhamos hotel reservado (Hotel Primavera Palace). Chegamos no final da tarde,
já anoitecendo.
Banho e saímos para jantar.
Em um barzinho, o “Boteco do Boca”,
com boa música ao vivo, comemos um frango com queijo, presunto, palmito e sei
lá mais o que. “Frango Magnífico”. Valeu a pena.
No dia seguinte, café da manhã e
estrada.
Antes, uma historinha.
Viajamos com o RUFUS, meu jipe
Troller vermelho.
Ele é todo cheio de adesivos. Entre
eles, nas portas, uns adesivos enormes do “Jurassic Park”.
Como os trajetos são, em geral,
longos, uso roupas confortáveis, que facilitam a condução por horas.
Assim parei no posto de gasolina,
no centro da cidade, vestindo uma calça “de pescador”, de tecido leve e uma
camisa do mesmo tipo de tecido, daquelas cheia de bolsos.
Era bem cedo e a cidade estava
vazia.
Só sei que estava lá, olhando o
abastecimento, pensando na vida, quando chegou uma menininha. Um “toquinho de
gente”, toda de cor de rosa, super tímida.
Olhou para mim e perguntou se eu
gostava do “Jurassic Park”.
Dando risada da pergunta, respondi
que sim, tanto que tinha adesivado o jipe.
Ela perguntou, então, se o jipe era
“do filme”. Ri também, explicando que o jipe era meu, nacional e eu havia
adesivado.
Por fim - acreditem - ela perguntou
se EU havia trabalhado no filme!!!
Caí na gargalhada e disse que não.
Nesse momento, o pai da menininha,
que também estava abastecendo, se aproximou e ela falou para o pai de que
queria uma foto.
Imaginando que ela queria uma foto
do Rufus, comecei a me afastar, quando ela disse que queria uma foto...
COMIGO!!!
Fizemos a foto, ao lado do Rufus.
Deixei um adesivo do meu estúdio
com eles, sendo que o pai publicou a nossa foto no Instagram.
A menininha, MARIA CLARA, ficará na
minha história pessoal, como um símbolo da inocência da criança e uma prova do
poder dos filmes e da imagem.
Depois disso, estrada até a cidade
de Bonito, onde encontraríamos o resto do grupo.
Lá ficamos na “Pousada Águas de
Bonito”. Um lugar bem bacana, com chalés com pé direito altíssimo. Nosso
quarto, enorme, tinha cama de casal e duas camas de solteiro. Tudo muito
confortável.
Logo recebemos o “kit da expedição”:
camisetas da expedição (serviram para mim! Coisa rara!), adesivos, máscaras da
organização, uma “apostila” com o resumo da expedição e dois recipientes com
álcool em gel. Cuidados e proteção nunca são demais.
O Rufus recebeu os adesivos da
expedição, do “Gaia”, “testeira” e o adesivo com o número “3”, nosso lugar no
comboio.
Bom sinal, já que gosto do número
“3”...
Organização é tudo...
Banho, um misto quente (não havíamos
almoçado no caminho), descanso e, à noite, saímos para jantar com o grupo.
A cidade de Bonito é daquelas bem
típicas das cidades de turismo: na “rua principal”, restaurantes, bares,
lanchonetes, lojas. Tudo muito arrumado, limpo e convidativo.
Fomos a um restaurante, cuja
especialidade eram os peixes pantaneiros: comemos, de entrada, iscas de jacaré
e, como prato principal, piraputangas recheadas. Muito bom.
Um “sorvete assado” na sorveteria
ao lado e, caminha.
No dia 28, fomos, em comboio, para
a “Fazenda São Geraldo”, para a primeira verdadeira atividade da expedição: a
flutuação no Rio Sucuri.
(Antes de falar da flutuação, um
comentário.
Quando nos propomos a viajar “em comboio”, entendo que algumas regras devam ser seguidas. O comboio não deve se dispersar, já que alguém pode ter algum problema; a velocidade de deslocamento não pode ser maior que a permitida na via pela qual trafegamos; se temos um número no comboio - o meu era “3”, como já dito-, devemos respeitar essa ordem, quando trafegamos, facilitando assim a localização de todos os integrantes do comboio; todos devem ter radiocomunicador, que se presta a troca de informações entre os integrantes do comboio. Algumas conversas, um pouco de papo furado e algumas piadas são permitidas. Mas não devem ser excessivas, para não se perder a concentração.
E se não gostar das regras, por
acha-las desnecessárias ou caso alguém se ache “superior”, sendo as regras
somente para nós, os “inferiores”, que não viaje em grupos e/ou comboio.)
Em um primeiro momento, a tal da
“flutuação” parece ser um programa meio bobo.
Você veste uma roupa de neoprene
(apesar do calor ambiente, o rio é frio), um colete salva-vidas, máscara,
snorkel e vai para o rio.
Será levado pela correnteza,
olhando o que tem lá embaixo. Não se pode mergulhar. Não se usa nadadeiras,
para não levantar areia do fundo do rio, nem danificar nada lá embaixo.
E vai.
E é bem legal!
A vida no rio é intensa. Peixinho e
peixões nadam a seu lado, sem medo. Quase dá para fazer um carinho neles.
No fundo, formações de pedras,
troncos, vegetação, tudo se movimentando no ritmo do rio.
São quase 2 quilômetros nessa
brincadeira.
A seguir, almoço na fazenda.
Optamos por um peixe assado.
Bem gostoso.
Na volta, paramos em um pequeno
supermercado, para comprar água para o deslocamento do dia seguinte.
A noite, jantar livre.
Optamos por um belo hamburguer, em
um local simpático, com som ao vivo.
Depois, naninha.
Na manhã seguinte, cedinho, café da
manhã e estrada.
O destino era a Serra da Bodoquena
(por onde passou o “Rally dos Sertões” em 2018), para ver um mirante, ao lado
de uma “reserva indígena” (não vi nenhum índio...).
E ao entrar na estrada de terra, uma
“barbeiragem” minha.
Estava com os pneus calibrados para
asfalto. Super cheios (38 libras) e, na primeira pedra, o pneu dianteiro esquerdo
estourou. Rodei alguns metros com ele, até conseguir parar em local seguro e
simplesmente DESTRUÍ o pneu.
O pessoal da organização e os
demais viajantes ajudaram na troca do pneu. Na verdade, trocaram o pneu para
mim, já que eu quase nada fiz... OBRIGADO, GENTE!!!
(Em uma parada, em uma borracharia
na beira da estrada, consegui um pneu usado para colocar no estepe, por
“módicos” R$ 350,00, pois não queria ficar sem estepe. Ao chegar em casa,
comprei um pneu novo, que junto com o balanceamento de rodas e alinhamento de
direção me custou R$ 1.983,00. O pneu de R$350,00 foi para o lixo. Lição
aprendida: REDUZA A PRESSÃO DOS PNEUS AO ENTRAR NA TERRA!)
O destino final do dia foi Corumbá.
Belas paisagens e muito chão.
No caminho, paramos próximo a uma
ponte.
Sob a ponte, um lago, simplesmente
LOTADO de jacarés.
Não sei calcular quantos eram. Mas
eram MUITOS.
Toca a fotografar os bichinhos.
Primeiro, de longe.
Depois, a coragem foi aumentando e
fomos chegando perto.
No local, uns moradores,
acostumados com os bichinhos, jogavam pedaços de carne para os animaizinhos,
que chegavam cada ver mais perto.
Os mais corajosos chegaram a
“acariciar” o “rabinho” dos bichos.
Preferi a distância.
No final do dia, chegamos a
Corumbá.
Hotel Golden Fish, do grupo
Candeias.
O calor estava simplesmente
INFERNAL, o que parece ser o normal por lá.
Entramos no quarto e estava, acho,
mais quente que lá fora. Com o ar condicionado no máximo, deitei diretamente
sob ele, para poder descansar um pouco.
As paredes do quarto estavam
quentes. Juro que não é exagero.
Jantamos no hotel mesmo, uma
comidinha simples, nada chique, que serviu para matar a fome. Foi suficiente.
Na manhã seguinte, café e estrada,
rumo a Fazenda San Francisco.
(Ficamos, ao longo da viagem, em
duas “fazendas” que, na verdade, são “hotéis rurais”. Ambos muito bem arrumados
e confortáveis.)
Lá, uma surpresa sensacional: tinha
EMAS passeando junto ao nosso quarto!!!
São uns bichos meio “esquisitos”,
grandes, parecendo avestruz. Mas, a sensação de ver esses bichos de pertinho é
muito boa.
À noite, aventura total: SAFARI
NOTURNO.
Pegamos um caminhão, da própria fazenda,
com bancos e um toldo, e saímos pelos caminhos da fazenda.
Um guia, com um holofote, ia
iluminando o caminho e nos mostrava os bichos noturnos.
Encontramos um coelhinho (que eu
não vi...) um cervo e uma jaguatirica (ou gato do mato, não lembro direito).
Mas, lá pelas tantas, choveu.
Não foi uma chuvinha... foi chuva “de
gente grande”!
Obviamente, o toldo do caminhão não
foi suficiente.
Acabamos voltando mais cedo, encharcados,
mas felizes pelos bichos avistado.
(este bicho não está preso. Isto é uma estrutura, como um "observatório", onde o bichinho se escondeu)
Na manha seguinte, passeio, ainda dentro da fazenda, em uma “chalana” (um barquinho de “dois andares”), que deu uma voltinha para vermos jacarés e aves. Alguns expedicionários se arriscaram na pescaria. Mas, com o tempo frio, não deu muita coisa.
Almoçamos na fazenda e, estrada.
Agora rumo a “Fazenda Aguapé”, onde chegamos no fim de tarde. Jantar e dormir.
Aqui, um detalhe: estava frio! Isso
não é comum por lá.
Eu não havia levado NENHUMA roupa
de frio. “Imagine se faz frio no Mato Grosso”, disse eu. Fez.
Mas, nada que uma camiseta com uma
camisa por cima não resolvesse.
Mas dormimos de cobertor.
Na manhã seguinte, passeio no rio
em “voadeiras”, que são barcos, tipo “botes”, para umas 8/10 pessoas, com motor
de popa.
Saímos para ver os bichos do rio. Entre
eles, jacarés (claro... são onipresentes...), capivaras, aves. Mas o mais legal
foi um macaco (macacA?) com o filhote nas costas. E ela pulou de uma árvore
para outra! Infelizmente, a foto saiu fora de foco. Uma pena.
À tarde, depois do almoço, mais um “safari”.
Novamente saímos pelas estradas da
fazenda, vendo jacarés (claro...), capivaras, um lobinho, emas, gaviões e
cervos. Muito legal.
À noite, sabadão, programa especial
no jantar: além de um ÓTIMO churrasco de picanha, apresentação de música sertaneja,
com violão e acordeão.
Nos ficamos na música e parte do
grupo saiu para outro safari noturno. E esse pessoal perdeu a MINHA interpretação
de “Fio de Cabelo”. Sorte deles.
Logo após o jantar e antes do
safari, “parabéns a você” para a SOPHIA, integrante do grupo, que viajava com o
pai e completou seus 17 aninhos.
Ficou toda emocionada... Muito
legal!
A "Pousada Aguapé" tem uma peculiaridade: os bichos, "selvagens", ficam a nossa volta, inclusive na hora das refeições. Araras, tucunos. papagaios, maritacas, lobinhos, tatus. Todos bem pertinho da gente.
E no dia seguinte, mais estrada, até Campo Grande, final da viagem.
No caminho, uma estradinha de terra
para subir no mirante do Paxixi, de onde vemos um pedação enorme do pantanal.
Um lugar lindo, alto pacas, que
nunca pensamos em existir no meio da “planura” que é o pantanal.
Em Campo Grande, o grupo já havia
se dispersado um pouco, alguns tinha ido embora e outros tinha outros
compromissos.
Mas, os que ainda ficaram, tiveram
o último jantar com o grupo.
No domingo, para mim e para a
Sueli, estrada até Presidente Prudente, onde ficamos no “Hotel JR”, um hotel “de
negócios”, super gostoso e confortável.
E o interior é especial.
O hotel não tinha restaurante.
Mas, nos deram o cardápio de um
restaurante próximo, onde pedimos uma pizza no jantar.
O hotel nos emprestou pratos e talheres,
além de “emprestar” para o restaurante um refrigerante gelado, já que o deles
estava sem gelo!
Sensacional!
E na segunda, mais estrada até em
casa, onde chegamos no meio da tarde.
E esta foi a “Expedição Pantanal
2022”.
Claro que não dá para explicar e
mostrar tudo.
Só estando lá para ver o que é o
pantanal.
Tudo muito grande, muito amplo e
muito bonito.
Considerações finais:
- Da para ir de veículo 4x2?
Talvez, na época da seca. Mas não
aconselho, se for fazer os mesmos programas que fizemos.
Tem muita estrada asfaltada, boa.
Mas, tem alguns longos trechos de terra que demandam um veículo ALTO, ainda que
a tração, nesta nossa viagem, não tenha sido tão utilizada.
- Qual o preço de uma viagem
dessas?
Bom, mesmo você indo com seu veículo,
não é uma viagem barata.
Lembre-se que são vários hotéis
(durante o percurso), várias refeições não incluídas no “pacote”, água, refrigerante,
coisinhas para comer na estrada, sem contar o COMBUSTÍVEL.
Rodamos, saindo e voltando de
Guarulhos, 3.451km, consumindo 384 litros de diesel, sendo que o Rufus fez uma
média de 8,98km/l (lembro que tivemos longos trechos de terra, com o veículo em
4x4). Nosso gasto, somente de combustível, foi de R$ 2.593,00.
De pedágios, gastamos
aproximadamente R$260,00, sendo este valor uma estimativa, pois somente
lembramos de anotar os valores dos pedágios na volta.
Assim, sem contar o “pacote” da expedição,
nosso gasto com combustível, pedágios, hotéis e “extras”, ficou em R$ 4.921,86.
- Jalapão ou Pantanal?
São coisas muito diferentes.
No Jalapão, andamos muito para ver “águas”:
fervedouros e cachoeiras.
As distâncias são muito grandes, em
geral por terra, nos obrigando a trafegar em velocidades mais altas, nos impedindo
de apreciar (e fotografar) as belas paisagens.
No pantanal, as distâncias são um
pouco menores, muito deslocamento por asfalto, facilitando olhar e fotografar
tudo.
Além do que, a fauna é muito mais visível.
E “fotografável”.
- Amazônia ou Pantanal?
Resposta “curta e grossa”: Amazônia
para pescar; pantanal para fotografar.
E foi isso.
Nossos agradecimentos, meu e da Sueli, aos amigos “expedicionários”
Neimar & Terezinha; Silvana & Patrícia; Fábio & Cristina; Fábio e
Sophia, que muito colaboraram para a expedição ser um passeio alegre, divertido
e feliz.
Nos encontraremos, de novo, nas
estradas da vida.
E um agradecimento especial ao
pessoal da “Gaia Expedições”, Marcelo, José Augusto e Haroldo (nosso fotógrafo
oficial), pela atenção, cuidado e organização.
Voltaremos a viajar com vocês!
Espetacular! Qualquer dia quero ouvi-lo cantando "Fio de Cabelo"... Rsrsrsrs
ResponderExcluirNão canto para qualquer um.
ResponderExcluirParabéns 👏👏👏 leitura gostosa e com várias dicas. Pantanal é uma aventura emocionante!
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