terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ACREDITEM OU NÃO, BUROCRATIZARAM A VACA!




Não sou religioso, mas sei que teve um jantar, que ficou famoso na história da humanidade e acabou “santo”.
Jesus e seus discípulos, se reuniram para a ceia, em um dos momentos mais importantes da história do cristianismo.

Sem pensar no aspecto religioso da coisa, pensemos na ceia em si.
Até onde sei, o Novo Testamento não dá informações precisas sobre onde rolou o convescote.
Mas, com certeza, se não foi na casa de alguém, foi em algum tipo de “restaurante”.

Restaurantes são muito antigos.
Já existiam na época da velha Pompéia, antes da erupção do Vesúvio.
O nome “restaurante” vem, obviamente de “restaurar”: era o local onde os viajantes antigos paravam para descansar e restaurar suas forças, comendo.

(Adoro a visão romântica das TABERNAS medievais, onde se comia porcos e frangos, segurando com a mão, bebendo litros e litros de cerveja forte e quente, com uma marafona no colo, onde tudo acabava em facadas e espadadas...)

O certo é que o SERVIÇO de um restaurante pouco varia, seja um restaurante de alto luxo, seja em um restaurantezinho em algum lugarzinho escondido no mundo: você entra, senta, olha o cardápio (quanto tem), escolhe o que quer comer, pede a comida a alguém, recebe a comida, come e paga pelo que comeu.

As variações são pequenas: você pode sentar à mesa ou no balcão; o garçom pode estar elegantemente vestido, ou de bermuda e camiseta; a comida pode ser boa ou ruim; o preço pago pode ser alto ou baixo.
Mas, no geral, é isso.

Outra variação possível, é o “self-service”: você vai a um “balcão”, escolhe o que quer comer, coloca no prato (algumas vezes pesa a comida, outras o valor é fixo), come e paga ao sair.

Simples, não?
Pois é.
Conseguiram complicar isso.

Desde que frequento Campos do Jordão, gosto de parar em um restaurante de beira de estrada chamado “Leite na Pista”.
O nome vem do fato de ter sempre por lá, uma vaquinha, de onde se tira o leite na hora, para deleite (ô trocadilho infame...) da criançada.

Carinhosamente, chamamos o “Leite na Pista” de “A Vaca” ou “A Vaquinha”.
A comida é boa, com produtos sempre fresquinhos.

É um lugar gostoso, com um laguinho, boa comida e muita coisa boa para "petiscar".




No fim de semana, estive em Campos e, na volta, pararmos para um “brunch” n”A Vaca”.
Rapaz, que coisa esquisita!

Antigamente, quando “A Vaca” era em restaurante pequeno, mais uma lanchonete, você tinha um balcão onde fazia o pedido e pronto.
Cresceu um pouco e ganhou mesas.
Mas, surpreendentemente, não ganhou “garçons”.

Então, passou a funcionar assim:
Na entrada, você recebia um cartão plástico, com um número, na cor verde.
Ia até uma mesa, sentava e escolhia, no cardápio, o que ia comer.
A coisa aqui já pegava um pouco. Imagine você ter que decorar o que três ou quatro pessoas querem, para pedir no balcão...
A seguir, ia até o balcão, pedia o que queria para o atendente, que anotava em um papelucho e, surpreendentemente, trocava o seu cartão verde, por um vermelho.
Não bastasse, entregava para você uma “bandeirinha”, com outro número, que deveria ser colocada em sua mesa.



Aí, você voltava para a mesa e, com sorte, seu pedido era levado até lá.
Por fim, na hora de ir embora, tinha que ir até uma fila, para, no caixa, pagar sua conta, apresentando, para isso, os cartões verdes e vermelhos que estivessem em sua posse.

Complicado, né?

Normalmente, o café NÃO vinha junto com o sanduiche, chegando frio até sua mesa, o ovo mexido vinha sem os talheres, o suco só vinha ao final da refeição, já que a comida vinha "em partes", trazida por diferentes atendentes...

Mas agora, a burocracia atingiu “A Vaca”.
Acrescentaram, acredite ou não, meu caro e quase inexistente leitor, uma SENHA!!!
Uhuuuu!!!

Agora a coisa ficou assim:
Você entra e recebe o cartão verde.
A seguir, vai para a mesa, escolhe o que quer no cardápio.
Vai até o balcão e, como se numa repartição pública estivesse, em uma “maquininha”, pega uma SENHA NUMERADA.
Aguarda que chamem o seu número, faz o pedido, recebe sua bandeirinha, troca-se o seu cartão verde por outro vermelho e volta pra mesa e aguarda ser servido.

Obviamente, deu lerda.
No meu caso, pedi café, pães e um ovo mexido para mim; a Su pediu panqueca e o filhote um sanduba com uma caneca de chocolate quente.
Veio tudo “aos poucos”, sendo que estou esperando o meu ovo mexido até agora...

Sem contar que, uma senhora, pegou a senha, mas como queria somente uma coca-cola, "passou" na frente de todo mundo, e recebeu sua coca.
Ok, ela só queria uma coca.
Mas, ou se institui a senha e se cumpre a ordem numérica, ou todo o esquema vai por água abaixo.

Se podemos complicar, porque facilitar?”, diz o jocoso ditado popular.

Keep it simple, stupid” (KISS), pregam os gringos.

É claro que ao se instituir tantas “fases” para o atendimento, a responsabilidade se dilui: a quem reclamar, se o sanduba veio errado? De quem é a culpa? De quem anotou o pedido, de quem preparou o sanduba ou de quem levou até a mesa?

Aos amigos d“A Vaca”: não seria mais simples, simpático, elegante e INTELIGENTE, simplesmente colocar atendentes para irem até a mesa, pegar o pedido e levar a comida até nós, que necessitamos tanto de restauro?

Já tem um atendente para levar a comida (anteriormente pedida por você no balcão) até sua mesa e outro (ou o mesmo, sei lá...) para limpar a mesa em que você comeu.
Não poderia, essa pessoa, pegar seu pedido na mesa, sem você ter que passar pelo constrangimento (tá... "constrangimento" é meio forte... mas é chato pacas, vai...) de pegar uma SENHA em um RESTAURANTE????

Sei lá.

Isso é o Brazil, zil, zil, país que já teve até um MINISTÉRIO DA DESBUROCRATIZAÇÃO...

Devo continuar frequentando “A Vaca”.
Mas espero, sinceramente, que revejam sua rotina de atendimento.
Para alegria de todos.


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