segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

MAIS UMA PEQUENA TRAGÉDIA URBANA

Ontem tive a visita de um amigo, com a esposa.
Eles pararam o carro bem na porta do meu prédio.
Quando foram embora, alguns minutos depois, escutei uma voz de mulher pedindo socorro, desesperadamente.
Devia ser por volta de umas 14hs, um pouco mais tarde talvez.
Corri até a sacada do meu apartamento e vi que o carro do meu amigo já tinha ido embora.

Olhei em volta e vi, em um prédio próximo, do outro lado da rua, uma confusão.
Pelo que pude perceber, um homem, que colocava enfeites de natal na portaria do prédio, tinha caído da escada.

A movimentação era intensa, gente correndo, gente gritando.
Vi duas ou três pessoas falando ao celular.
E havia gente em todas as varandas do prédio, olhando o acidente.

Saí da varanda, fui cuidar da minha vida.
Pareceu “
inadequado” ficar olhando...

Algum tempo depois, olhei novamente e já não havia movimento no prédio.
Nem ambulância ou polícia.

Não sei se quem caiu era morador ou funcionário do prédio.
Não sei qual seu estado, se sofreu ferimentos, se foram graves.
Provavelmente nunca saberei, pois não tenho coragem de ir lá perguntar o que houve.
Ia parecer curiosidade mórbida: “
o cara que caiu da escada morreu?”.

Não deu no jornal.
Não deu na tv.
Não ouvi nada no radio.

Quantas pessoas caem de escadas, todos os dias, nas nossas cidades?

Lembra da musica antiga?

Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez rosto, a foto de um gol
Em vez de reza a praga de alguém
E um silêncio servindo de amem

...

Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou num time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime

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